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O cirque brasileiro


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A presença de palhaços e acrobatas brasileiros na trupe canadense Cirque du Soleil não é a novidade. O surpreendente é um brasileiro passar por toda a bateria de testes nessa que é a maior companhia do mundo, ser admitido no elenco, virar a marca de um espetáculo e, depois de consagrado, dar adeus aos colegas com a falsa lágrima dos clowns. Foi isso o que aconteceu com o paulistano Marcos Casuo, 37 anos, que brilhou à frente do espetáculo “Alegria”, o primeiro a vir ao Brasil. Mas ele abriu mão da vida de estrela para um salto mais arriscado: criou no País o seu próprio “cirque”. E não anda tropeçando nos sapatos avantajados. “Naquela turnê do show, percebi a carência circense que existia aqui. Do ponto de vista do entretenimento em geral, muitas coisas evoluíram no cenário local mas o circo parou no tempo. Senti a necessidade de trazer para cá o que aprendi no Cirque e vendo outros grupos pelo mundo”, diz Casuo.

O resultado de sua ousadia é o espetáculo “Universo Casuo”, em cartaz no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, até o final de julho. As marcas que fizeram do Cirque du Soleil uma grife de fama internacional são facilmente identificadas no formato dos shows, nas máscaras e maquiagens coloridas e nos figurinos sofisticados, desenhados pelo próprio Casuo. Com um quinteto de música ao vivo, o espetáculo reúne performance, humor e poesia “para todas as idades”. Da comicidade do palhaço interpretado pelo próprio artista aos malabaristas do quadro Evron, o mais impressionante é a performance corporal da dupla Taymon e Zed, com 77 e 49 anos de idade, respectivamente. Todas essas atrações foram descobertas por Casuo de norte a sul do Brasil: “Ao mesmo tempo em que percebia a decadência dos circos brasileiros, algumas atrações me chamavam a atenção. Artistas realmente talentosos com os quais, ao fim do espetáculo, trocava cartões e iniciava uma conversa. Na hora de montar o ‘Universo Casuo’ foi só contatá-los”.

Por trás da maquiagem de palhaço, Casuo tem um marcante perfil de empresário. Seu jeito de gerir o negócio é outro aprendizado adquirido com a empresa sediada em Montreal, no Canadá. Na estrada há três anos, o espetáculo não tem “lona furada” e se paga sem precisar de patrocínio ou de leis de incentivo. Segundo ele, isso é conseguido por meio de apresentações institucionais para grandes empresas. E, como qualquer circo, o “boca a boca” também funciona. É o único lado mambembe de sua empreitada. Valorizar o profissional é também outro segredo: “Artistas precisam de salários que os deixem confortáveis para trabalhar”. Casuo cita, como exemplo, o acrobata Júnior César, que interpreta “Guru”.

O rapaz treina 25 horas semanais para ficar apenas seis minutos em cena. A disciplina é vista com naturalidade. O próprio Casuo passou sete meses se preparando no Cirque du Soleil, todos os dias, das oito da manhã às sete da noite para entrar em cena em “Alegria”. A prova de que aprendeu a lição se deu quando seus ex-chefes canadenses vieram ver sua companhia: “Ficaram maravilhados”. E enciumados, com certeza.

FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/143293_O+CIRQUE+BRASILEIRO < voltar


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